14/11/2007

Desabafo

Eu sei que quase ninguém (ou ninguém mesmo) vai ler este texto, mas tudo bem. Vale pelo desabafo.

A gente passa anos a fio sonhando com a volta do nosso time do coração à Série A. Torce desesperadamente, briga, xinga, colabora, até que finalmente o grande dia chega. E você comemora, goza com a torcida adversária, fica orgulhoso feito um pavão.

Mas seu time não tem estrutura para ficar na elite e torna a cair. Você aguenta calado as gozações dos amigos e até, supremo masoquismo, guarda os recortes dos jornais que eles usaram para "enfeitar" seu escritório. E tudo recomeça...

A luta pra voltar é árdua, quase mortal. Quase não passamos da primeira fase, e nem da segunda. No quadrangular final, com duas vagas para subir, terminamos o primeiro turno na lanterna. Tínhamos apenas 1% de chances. Precisávamos vencer e contar com maus resultados dos outros. Mas fomos indo. Chegamos na última rodada precisando vencer em casa por mais de um gol de diferença e torcer para que outro time, também jogando em casa, no máximo empatasse. Resultado: contra todas as possibilidades nós tornamos a conseguir. E tome festa, e tome orgulho...

Dessa vez, o time se preparou um pouco melhor e conseguiu permanecer na Série A no campeonato seguinte. Mas não no que se seguiu, ano passado. Caímos, de novo.

Parecia um time iôiô, indo e voltando.

Este ano, reconheço, não estava muito confiante, mas até começamos bem, com três vitórias. Porém, depois disso, o time ficou irritantemente irregular nos jogos em casa. Pior, ficou desastrosamente regular nos jogos fora. Foram mais de 100 dias só de derrotas fora de casa. Claro, o time foi caindo aos poucos na tabela até que entrou na zona de rebaixamento para Série C. Tudo isso permeado por trocas de técnicos e exibições medíocres.

Aí, no meio do segundo turno, na 25ª rodada (de 38), chegou o clássico contra o rival local que, fazendo campanha alguma coisa melhor, pintava como claro favorito. Mas num jogo super disputado, quase violento, nós vencemos. E o time embalou. Passou a vencer as principais equipes do campeonato em sequência, e se aproximou dos líderes. Ainda era difícil, mas o sonho ressurgiu. Faltavam sete jogos, quase todos contra adversários que iam mal na tabela.

Nessa hora, o time fraquejou. Perdeu oito pontos para os três times mais mal-colocados, e perdeu em casa um jogo nada complicado.

Resumo da ópera: com duas rodadas de antecipação estávamos fora de qualquer chance de subir. E que ninguém venha falar que faltou dinheiro. O elenco era dos mais caros da Série B, e a comissão técnica era das mais bem pagas. Nunca houve atrasos de salário nem falta de estrutura.

Faltou mesmo foi vergonha na cara. Faltou vontade de retribuir a uma torcida que cansou de encher o velho estádio apoiando o time.

Cara, dessa vez eu senti a pancada, juro. Talvez porque o resto da minha vida também está numa maré meio braba eu devo estar mais vulnerável.

Mas que foi uma tremenda sacanagem com as esperanças de uma torcida sofrida, orgulhosa e apaixonada, lá isso foi. Golpe baixo mesmo.