15/12/2009

E não é que alguém concordou ?

Semana passada, em resposta a um comentário do Anrafel, eu escrevi isto aqui:

"Espero que a partir de agora o Angelim passe a ser menos subestimado. Digo menos porque não tenho a ilusão de que a mídia coloque-o no patamar adequado, que é o de um dos melhores zagueiros do futebol brasileiro nos últimos anos. Garanto que se ele jogasse esse mesmo futebol, mas fosse cria das divisões de base de um grande clube do Rio ou São Paulo, até para a seleção já teria sido cotado."

Ontem, assistindo o programa Linha de Passe, na ESPN Brasil, tive o prazer de ver que, quase no final do programa, o José Trajano expressou uma opinião na mesma linha, até com tons mais pesados, (falou claramente em preconceito por ele ser do Nordeste) e que outros membros da mesa concordaram.

Lembraram que ele vem jogando bem já faz muito tempo, e que sempre que teve um companheiro de zaga com alguma qualidade a coisa ia muito bem, ao contrário de quando teve como colegas alguns "troços" que o Flamengo inventou como zagueiros.

É, ainda há esperança para a nossa mídia esportiva.

Ou, pelo menos, para parte dela...



07/12/2009

Carta a um amigo coxa-branca


Meu caro Rodrigo,

Bem que eu gostaria de estar te falando em circunstâncias mais felizes tanto para você quanto para mim. Mas essa vida de torcedor é muito frequentemente uma travessia do deserto, bem mais até do que um repouso em colinas verdejantes.

Lembro bem dos tempos em que você morava aqui na Terra do Sol e nunca deixava de proclamar seu amor incondicional ao Coritiba. Ele era assunto quase diário em nossas conversas, junto com os acontecimentos que cercavam o meu Leão do Pici. Aliás, diga-se de passagem, dentre os times daqui você nunca negou qual seu preferido. E acabou fazendo com que este tricolor aqui criasse uma saudável simpatia pelo Coxa.

Na época em que convivemos (2006 e 2007) o Coxa estava na Segundona, e nós tricolores caindo da Série A (2006) para Série B (2007). Quando o Coxa subiu, no fim de 2007, você já havia voltado para sua terra, mas mesmo de longe não deixou de demonstrar o justo orgulho e a alegria com o feito.

Pois é. Alguém lá em cima bem que poderia quebrar o nosso galho e apagar 2009 do calendário, não é mesmo? Tudo o que poderia dar de errado, deu. Até aquela arremetida que parecia ser suficiente para escapar do penhasco foi comum aos dois times. Pura ilusão.

Talvez a única diferença entre nós seja que o sofrimento do Fortaleza foi como a crônica de uma morte anunciada. Ano passado escapamos meio por milagre, e não fizemos este ano nada diferente. Coisa boa não poderia acontecer. Habitamos as escadas do patíbulo quase o campeonato todo, e faltando umas 10 rodadas a maioria da torcida já não acreditava mais.

Com vocês foi diferente. A maior parte do tempo parecia que não teriam problemas em se manter no Brasileirão. Até porque os concorrentes se esmeravam em tropeçar em sua própria incompetência.

Mas eis que, no final, o Coxa teve que decidir tudo em um único jogo, na frente de sua massa torcedora. Pior: contra um iluminado Fluminense, invicto a diversas rodadas.

Não assisti ao jogo, e não acompanhei detalhes do ambiente que o cercou. Confesso, jogos de decidem rebaixamento estão (e continuarão) na minha lista negra por um bom tempo. Só vi os gols e os últimos 2 minutos da partida.

Mais do que suficiente para me emocionar junto com a torcida do Coxa. A verdadeira torcida, devo ressaltar. Aquela que parecia não acreditar no que estava vendo, e que derramava lágrimas da mais genuína dor.

Quaisquer outras reações não fazem jus ao que é a porção verde-branco do Estado do Paraná. E não é disso que eu quero falar, acredite.

Meu amigo, creia-me, sou totalmente solidário a dor de vocês. Até porque a minha (ou melhor, a nossa) dor é cruelmente semelhante.

Dê notícias, cara.


Do seu amigo,

LUIZ




ATUALIZAÇÃO: Resposta do meu amigo nos comentários