18/07/2010

Ainda a África do Sul




Uma semana após o fim da Copa do Mundo, cuja organização bastante eficiente fez com que os sulafricanos ficassem orgulhosos da imagem que passaram de seu país, outro evento esportivo incrementou esse sentimento.

No encerramento do 150º Open Championship, o aberto britânico de golfe (o mais tradicional evento desse esporte), quem recebeu o troféu de vencedor foi Louis Oosthuizen, um sulafricano de 27 anos, que conseguiu uma vantagem quase recorde sobre seus adversários, apesar de não estar entre os principais nomes do esporte (antes do torneio, não estava nem entre os 50 melhores no ranking).

Não. Ele não é negro, é branco (o sobrenome, quase impronunciável para um não-sulafricano, não deixa dúvidas).

Seu pai tem uma pequena fazenda no leste do país, perto do litoral do Oceano Índico, e faz parte daquela parcela de brancos que vivia tangenciando a linha da pobreza (pelo menos no que se refere aos brancos). E Louis não teria avançado no esporte sem o apoio de uma fundação criada por Ernie Els, um outro genial golfista sulafricano.

Hoje, 18 de julho, é o Dia de Nelson Mandela, criado pela ONU para homenagear o aniversário do líder da luta anti-apartheid e ex-presidente da África do Sul.

E as primeiras palavras de Oosthuizen ao receber o troféu foram exatamente para Mandela, felicitando-o pelo aniversário.

Vê-lo comemorando o título abraçado ao seu emocionado "caddie", um negro, fala muito sobre o que seu país passou, as transformações que está experimentando e sobre o que o futuro os reserva.

Parebéns, Lodevicus Theodorus Oosthuizen, a.k.a. "Louis". Ou então "Shrek", para os amigos.

14/07/2010

Espanha campeã, não necessariamente a melhor

Como previsto aqui, o título ficou com a Espanha.

Derrotou uma Holanda que apostou no jogo físico (a palavra "bruto" não seria um exagero...) para tentar deter o toque de bola espanhol, e ficou tentando aproveitar os erros espanhóis.

Para o bem do futuro do futebol foi muito boa a vitória espanhola, mas isso não quer dizer que seja um time a ser copiado indiscriminadamente. Até por que possui falhas não desprezíveis.

Pra começo de conversa, seus laterais são bem fracos, o miolo de zaga deixou buracos (os holandeses e, antes deles, paraguaios e alemães, quase conseguiram marcar usando bolas enfiadas pelo meio) e o ataque careceu de finalizadores natos (Fernando Torres, que é quase isso, estava claramente fora de forma). E que o toque de bola não seria um remédio para a dificuldade de finalizar?

Então, qual seria o melhor time da Copa? Uma boa medida seria aquele de cujo futebol se falará daqui a 15 ou 20 anos... Como ainda não chegamos lá, vale um palpite: Alemanha.

Ou alguém duvida que dentro de 4 anos, na Copa realizada no Brasil, os germânicos virão com um time "na ponta dos cascos", com os atuais jovens jogadores tendo ganho uma considerável bagagem internacional e os atuais veteranos sendo substituídos por novas estrelas em ascensão?

O Brasil, bem, vai ter que recomeçar quase do zero, com novo treinador e um grupo muito renovado de jogadores. Além disso, como não terá que disputar as Eliminatórias terá menores chances de montar e testar adequadamente esse grupo.

Como se a direção da CBF ligasse pra isso...

08/07/2010

Sem maiores surpresas (post corrigido)

Qualquer um que antes do início da Copa fez uma lista de favoritos ao título certamente não fugiu dos "suspeitos de sempre" e mais uns poucos agregados.

Brasil, Argentina, Alemanha, Inglaterra, Itália, Espanha e Holanda monopolizaram os palpites, sendo que os italianos já eram vistos com desconfiança por muitos.

Ingleses e italianos não chegaram às quartas-de-final, e brasileiros e argentinos não conseguiram ir até às semifinais. Em todos os casos, bastou o primeiro jogo da Copa para essas equipes mostrassem seus problemas e indicassem um futuro nada alentador.

Alemanha, Espanha e Holanda chegaram às semifinais, com a honorável companhia da sempre lutadora Celeste Olímpica.

Os holandeses, mesmo sem jogar uma boa partida, fizeram prevalecer seu melhor time (e elenco) sobre um desfalcadíssimo Uruguai. Deu a lógica.

O outro jogo confrontou os jovens alemães e os bem mais experientes espanhóis. Esse fato, por si só, não deveria ser decisivo, mas acabou pesando.


Aqui vale um parentesis.

No final do ano passado (ou no início deste, não lembro...), Messi e Daniel Alves se manifestaram de forma parecida sobre o meio-de-campo do Barcelona. Foi mais ou menos assim:

"Quando os baixinhos resolvem jogar, fica difícil para o adversário...".

Referiam-se a Xavi e Iniesta, coração e alma do meio-de-campo da Fúria.

Realmente, jogam pra caramba...


Resumindo, chegaram à final duas equipes que não surpreenderam quase ninguém. Espanha e Holanda apenas repetiram o que já vinham mostrando nos últimos tempos.

Torcerei pela Holanda, mas acho que vai dar Espanha. Em um jogo pra lá de equlibrado, prevejo.



PS: Não foi o fator decisivo, mas na semifinal a Alemanha sentiu muita falta de Thomas "Gans" Müller...

03/07/2010

Quase virou Eurocopa...

O meu colega Darw acertou em cheio.

A sonhada (por alguns, entre os quais eu) "Copa América" nas semifinais evaporou-se.

Só o Uruguai escapou, em um jogo contra Gana que redefiniu o significado futebolístico da palavra "inacreditável", e provou que um botafoguense que use a camisa 13 é um ser predestinado. "Muy loco", diriam alguns...

Brasil, Argentina e Paraguai não resistiram à Holanda, Alemanha e Espanha.

Diga-se de passagem que os paraguaios estão fora mas não tem do que se envergonhar. Jogaram de igual para igual contra os espanhóis e o juiz... E no fim quase conseguiram empatar.

Já falamos bastante do Brasil. Agora é só esperar que apareçam os detalhes da derrocada do dunguismo.

Quanto à Argentina, bastou encontrar um adversário minimamente organizado para que os problemas do time de Maradona (que já eram meio evidentes) emergissem com toda a força.

Os alemães passaram feito uma motoniveladora sobre o arremedo de esquema defensivo dos argentinos, e só não impuseram um placar ainda mais humilhante porque não forçaram.



Palpite pra final : Alemanha X Holanda.

Mas continuo torcendo pelo Uruguai...

02/07/2010

E a Copa já terminou para o Brasil

Seguindo o mesmo raciocínio do post anterior, a Copa para o Brasil durou um jogo.

Nada do que aconteceu no jogo de hoje não era previsível.

Até mesmo os bons momentos do Brasil, especialmente enquanto a Holanda respeitou demais a nossa equipe e marcou muito atrás. Esse é o cenário ideal para o time montado pelo Dunga, que adora sair em contra-ataques. A partir do meio do 1º tempo eles avançaram um pouco a marcação e reduziram essa possibilidade.

Tudo que podia dar errado, deu. Vejamos por partes.

A famosa "melhor defesa do mundo" levou dois gols primários em bolas levantadas na área. Lúcio ainda mostrou a famosa garra, o que é pouco. Juan falhou na hora H. E Júlio Cesar, o "melhor goleiro do mundo" , não poderia sair vendido daquele jeito.

Os nossos laterais foram quase peças decorativas. Quase porque Maicon ainda mostrou esforço, mas não soube sair da marcação. Michel Bastos, bem, sem comentários. Gilberto entrou e... nada.

Gilberto Silva foi aquela limitação que todos conhecemos, mas nada especialmente pior do que nos demais jogos. Felipe Melo, bem, esse é um caso à parte.

Qualquer um que tenha assistido a última temporada italiana sabe que ele foi uma tragédia completa no meio de um time (a Juventus) já bem ruinzinho. Tecnicamente ou emocionalmente, tanto faz, ele era uma bomba-relógio pronta para nos implodir. (Alguém lembra o que ele aprontou no dia da convocação, em uma entrevista por telefone? Mal-educação chegou e ficou...).

Para piorar, levamos azar com a suspensão de Ramires, que foi bem no jogo contra o Chile, e com a contusão de Elano. Até porque não possuíamos outras opções: Josué é limitadíssimo e Kleberson é ... deixa pra lá.

Daniel Alves foi uma decepção completa. Jogou toda a Copa muito abaixo do que sabemos que ele pode. O sistema atrapalhou? Um pouco, mas não é a única razão.

Kaká passou a Copa tentando provar que não estava sentindo o problema no púbis. Até tentou desviar a questão para uma suposta "perseguição religiosa". Pois é, deu no que deu. Apagadíssimo.

Robinho marcou o gol, e depois limitou-se a reclamar do juiz e dos adversários. Luis Fabiano, nem isso... Aliás, ele entrou em campo?

Qual a parte que cabe a Dunga (e Jorginho, não esqueçam dele...) nesse latifúndio de equívocos? Pra começar, não poderia ser ele o técnico. A total falta de experiência no comando de qualquer equipe e seu controverso histórico dentro do futebol já seriam motivos mais que suficientes.

Além disso, a lista de convocados para essa Copa deixou em qualquer um com mínimos conhecimentos de futebol a certeza de que um desastre estava no horizonte. Michel Bastos, Kleberson, Josué, Julio Baptista e Grafite não disseram o que foram fazer na África do Sul, além de turismo (para não falar de Felipe Melo, Gilberto Silva e Doni...). Estava claro que, em caso de necessidade de mudar um jogo, faltariam peças à altura.

(Permitam que meu coração santista aflore um instante: Neymar e, especialmente, Paulo Henrique Ganso, não fariam pior do que os que foram... )

A briga de Dunga com a Globo é algo para ainda longas discussões, mas lembremos que o técnico SEMPRE tratou mal todo o resto da imprensa. Da mesma forma que trata muito mal qualquer um que se atreva a colocar em xeque a seleção de 94, especialmente em comparação com a de 82.


Agora é juntar os cacos e pensar em 2014. Se bem que com uma direção da CBF como a atual só podemos temer pelo pior.

Pra terminar, esse escriba vai torcer, no restante da Copa, por Uruguai, Holanda e Alemanha, nesta ordem.

A Copa começa, de fato, hoje

Excetuando uns dois ou três jogos dignos de de serem considerados "de Copa do Mundo", o que se viu até agora, olhando o quadro geral, foi um torneio com escassa qualidade e moderadíssima emoção.

Hoje começam as quartas-de-final, onde chegou a maioria dos que deveriam ter chegado. Sendo um pouquinho rigoroso, a bobeada da Inglaterra na fase clasificatória, deixando de ser a primeira do grupo e forçando um cruzamento precoce com a Alemanha, provocou o único ponto significativamente fora da curva. E olha que o time inglês não mostrou nada muito relevante...

Hoje temos Brasil X Holanda e Uruguai X Gana.

Amanhã, Alemanha X Argentina e Paraguai X Espanha.

Meus palpites para as semifinais: Alemanha X Espanha e Uruguai X Brasil, sendo que três dos palpites são sem muita convicção.

A maior barbada nas quartas é a Espanha (o Paraguai é bem fraco...). Os demais jogos são equilibrados, ficando "na margem de erro".


O que me preocupa, na realidade, são as consequencias de um eventual título brasileiro no futuro do nosso futebol.

Outra coisa: alguém reparou na biografia futebolística do jogador alemão Müller? Vinte anos, assinou seu primeiro contrato profissional ano passado e jogou apenas três partidas na seleção alemã antes da Copa.

Lembra alguém que o Dunga NÃO levou?